Para quem já pratica trekking, já deve ter ouvido falar da Serra Fina como um destino desejado, tanto pela beleza da Serra da Mantiqueira quanto pelo desafio, pois essa travessia possui uma certa dificuldade técnica principalmente caso você opte por carregar seus próprios equipamentos. Eu fiz essa travessiva com o Chico Trekking e foi bem tranquilo do ponto de vista de apoio do Chico! A travessia, não é das mais fáceis, mas foi uma experiência e tanto.
obs.: É importante lembrar que devido a um incêndio de grandes proporções na região, que aconteceu em 2020, a Serra Fina ficou fechada para visitação durante todo o ano de 2021 e ainda continua fechada em 2022 até que novas regras sejam definidas pois o local está ficando conhecido, muito visitado e precisa de um controle para evitar destruir o local e incêndios como ocorrido no passado. Essas medidas foram tomadas em conjunto pelos donos de propriedades particulares, para dar mais tempo de a natureza se recuperar.
De qualquer forma, nos próximos meses, o local será reaberto para visitação e por isso, você já pode começar a planejar a sua trekking.
Por que visitar a Serra Fina?
É considerada uma das travessias mais difíceis do país, a Serra fina chama a atenção dos fãs de trekking e turismo de aventura.
O ambiente com noites frias (próximas de 0º) e dias quentes, proporciona muitos desafios e emoções para quem não tem medo de encarar as longas subidas e descidas e com todos os tipos de terreno possíveis.
A Serra Fina é uma parte da Serra da Mantiqueira, que é considerada uma das cadeias montanhosas mais importantes do nosso Brasil.
A travessia da Serra fina fica entre as cidades de Passa Quatro e Itamonte, no sul de Minas Gerais. Saindo de São Paulo, de ônibus, você deve ir através da viação Cometa até o destino, mas o melhor mesmo é ir com um grupo de trekking, assim o transporte já deixam na entrada mais próxima e e buscam no destino final. Por causa da altitude, o inverno da Mantiqueira tem temperaturas bem baixas.
Aliás, no pico da serra, é comum ver os termômetros marcando temperaturas negativas. Esta situação nos faz estar preparados para o frio extremo e a vestimenta adequada para não passar frio, assim como um bom isolante térmico e saco de dormir preparado para esta temperatura.
Contudo, a melhor época para ir é no inverno, na temporada de montanha, é entre abril e outubro!
Somado ao peso das roupas, comida para todos os dias, você não tem água nos dois primeiros dias, então você precisa levar água suficiente para 2 dias e meio, o que dá em torno de 6 litros. Suficiente para beber, cozinhar e higiene básica. Isso mesmo que você deve ter pensado: não tem banho em todos os dias.
Pontos que você irá conhecer e acampamentos na Serra Fina
Na região da Serra da Mantiqueira, há muito endemismo tanto na flora quanto na fauna local, como é o caso da Garrincha-Chorona.
É uma região com muita diversidade e natureza!
O local é perfeito para os mochileiros e amantes de trekking! Entre os pontos mais conhecidos normalmente visitados em um trekking de 3 noites e 4 dias são:
1. Toca do Lobo
A Toca do Lobo é uma caverna com mais de 1500 metros de altitude. Ela fica situada bem no início da trilha. Não visitamos a mesma e de lá já iniciamos nossa trilha para o Alto do Capim Amarelo, o caminho é muita subida, alguns caminhos com uma pequena escalada nas pedras (mas tinha corda para auxiliar). O que dificultava a subida era o peso da cargueira (tudo que eu precisava e ainda quase 6 litros de água). Então uma dica é, vá com amigos para dividir itens como barraca e alimentação. Minha cargueira foi com 18 kg na época. (não era uma cargueira das melhores pois ela era de tecido). Então tenha em mente de levar o menor peso possível.
Como fomos com o Chico Trekking ele conhece a região como a palma da mão e paramos nos melhores pontos para fotos e descanso e todos andamos em um ritmo bom todos os dias.
2. Alto do Capim Amarelo
Para quem gosta de altura, o Alto do Capim Amarelo é parada obrigatória, ou melhor, trilha obrigatória.
O local que fica na divisa de Minas Gerais com São Paulo, tem 2490 metros de altitude.
O cume do Alto do Capim Amarelo é considerado uma das travessias mais difíceis do Brasil e é o ponto oficial para acampamento do 1º dia. É praticamente subida o tempo toda, mas é uma vista e um pôr do sol de tirar o fôlego.
Faz muito frio, nesse dia pegamos 2º durante a madrugada, ventava muito e vesti todas as minhas roupas e só assim me esquentei. Também tive que cozinhar no avanço da barraca pois ventava muito e era impossível ficar do lado de fora cozinhando.
Há pouco espaço para as barracas, então o ideal é ir o mais cedo possível (de madrugada mesmo). Como há agência que contrata profissionais para carregar itens essenciais como comida, barraca e etc eles costumam chegar cedo e ocupar os lugares e você perderia essa vista e pôr do sol que é maravilhoso. Dá uma foto incrível assinando o livro que está em cada um dos três pontos de acampamento.
3. Pedra da Mina
A Pedra da Mina é o destino do segundo dia e que acampamos. Ela recebe o título de 4° pico mais alto do país, com quase 2800 metros de altitude.
Por causa do terreno acidentado com desnível acumulado, é um local de difícil acesso, mas é gostoso no desafio do trekking, vale muito a pena e achei levemente mais fácil do que o primeiro dia. Não acampamos exatamente no alto, pois ventava muito. O alto apenas exploramos, tiramos foto e assinamos o livro novamente e acampamos um pouco abaixo, ventava menos e tive inclusive uma qualidade de sono melhor, pois não tinha capim e arbustos batendo na barraca.
A falta de banho nesse dia já incomoda um pouco, a mão fica imunda! então recomendo usar luvas, alivia tanto no uso do bastão quanto nas pegadas nas pedras que precisa segurar para subir.
4. Pico dos três estados
Como já diz o nome, esse pico fica entre três estados: Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
Bem no topo, há uma plaquinha triangular de metal com o nome dos estados, cada uma apontando para a direção de um estado e tambem o livro para que você assine pra comprovar que esteve na Serra Fina.
Essa subida, para mim foi a mais pesada, mas creio que foi um acúmulo dos dias anteriores. Minha perda doeu muito mas deu para vencer o pico. Infelizmente não conseguimos acampar aqui pois havia pouco espaço e outro grupo já havia chegado antes.
Há empresas que você pode contratar para alivar o peso, e eles já levam sua barraca, comida e parte da água. Esses carregadores chegam antes para marcar lugar. Então, caso você esteja indo como eu eu fui, levando tudo dentro da cargueira. Tente adequar o horário para chegar cedo. Há um por do sol maravilhoso nesse lugar, mais bonito do que no Capim amarelo.
Nós acampamos mais abaixo, cerca de 1,5 km abaixo, mesmo assim ventava muito e minha barraca não parava de fazer barulho, mas o frio foi de boa, mas cozinhei novamente dentro da barraca. Não lembro de ter colocado a cabeça no travesseiro improvisado e dormi pois já estava bem cansado e nem era 19h ainda!
O último dia, depois dos 3 picos foi relativamente tranquilo apesar de sobe e desce, passamos um bom tempo dentro da mata, então o sol não castigava tanto.
Esse foi o trajeto que eles chamam de tradicional ou clássico, que são 4 dias e 3 noites. Creio que o suficiente para você conhecer e também curtir. Há trajetos menores, mas que penso ser mais cansativo e você não curte os picos por conta do tempo e pelo que presenciei você perde um visual inexplicável! Assim como há roteiros mais longos, mas com ataque em outros picos. Para uma primeira vez, creio que o roteiro de 3 noite e 4 dias é suficiente.
Tracklog Chico Trekking Serra Fina
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Perguntas mais comuns
Qual a melhor época para fazer a travessia da Serra Fina?
A melhor época, a princípio, seria na temporada de montanha, um período que não chove, mas além disso, é importante avaliar a previsão do tempo na data e próximo dos dias pois pode mudar muito. Lembrar também que pode fazer muito frio nos picos.
Quantos litros de água é necessário para a trilha?
Depende muito, porém como exemplo, eu levei 6 litros de água, para beber, cozinhar e higiene mínima (escovar os dentes). Eu tenho que beber muita água por uma questão renal, mas isso varia de pessoa para pessoa. Então numa média uns 5 litros seria sufiente para o trajeto de 4 dias e 3 noites. Lembrando que terceiro dia já tem água e o guia pode te dar mais informações.
Serra Fina é sem banho? é verdade isso?
Em partes sim! Há possibilidade de banho no Rio Claro, no final do segundo dia. Porém não é recomendável tomar banho dentro do riacho. é o único ponto de água para quem faz a travessia. Então caso você vá mesmo, é importante pegar a água e tomar o banho distante desse ponto para não comprometer a água para os demais trilheiros.
Há alguns itens essenciais que posso dizer, mas isso varia também de acordo com cada pessoa. Penso que é primordial: um bom isolante e saco de dormir preparado para 0º, uma barraca com dupla camada, as roupas no estilo de sistema em camadas – segunda pele, fleece e anorak ou capa de chuva, luvas, meias -, fogareiro a gás, comida suficiente para os 4 dias. obs.: para o primeiro dia eu já levei marmita pronta e congelada, para os demais dias levei itens que não perdem fácil, como arroz, macarrão, atum, frango congelado. Eu não curto comida lifiolizada, mas se você se der bem, pode levar, recipientes para água. Os demais são itens da lista de trekking. Apenas cuidado com o peso. Água pesa muito.
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